quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Religião e política - reflexões

Religião e política – reflexões (a) A dignidade de um sacerdote

A vida de um sacerdote católico gira em torno do sacrifício eucarístico. Não sendo assim, não há porque ser padre!

A vida de um padre é um ato de entrega, gozosamente e sacrificadamente aceito!

A vida de um padre é a prova cabal de que Deus existe! Podemos aferir Deus pela carne do padre, ou seja, pelo comportamento e pela sua palavra. Precisamos desta fonte!

Não são poucos os casos de que um único padre, apenas um, produzir uma diferença enorme. Como arrasta! Arrasta porque tem Deus, trás Deus e leva muitos para junto de Deus!

Agora, esta presença de Deus na carne de um padre é como o mais precioso perfume em vaso de barro!

Não são poucos os casos, por este ou aquele motivo, o barro é trincado e a decepção é profunda. Profunda porque o caminho fica mais áspero, mais estéril, e a pessoa exclama: não há Deus! Se ele que ... com tanta condição ... não conseguiu ....

A coluna da Igreja católica encontra-se em seus sacerdotes! Sobre esta dimensão humana recai uma autoridade que pode ser facilmente dispersa. Assim, um sacerdote tem mais autoridade quanto mais sacerdote se torna. De um sacerdote não se espera outra coisa. Daí a gravidade e excepcionalidade de alguém que decida ser sacerdote.

Não é obrigatório sê-lo, mas se assim decide, convém ser o melhor! Melhor porque adentra no que é mais caro em casa pessoa, o de falar à sua alma, não propriamente aos seus ouvidos. Cada pessoa dispõe de um santuário e dependendo do calibre de quem o adentre algo fantástico poderá ocorrer, ou não!

Helio

Religião e política – reflexões (b) A dignidade da política

A política só existe no convívio humano por força da carência. Não houvesse carência não haveria política.

Ar, por exemplo, não se tem política para o ar! Cada um respira o quanto e na freqüência que desejar, não há uma autoridade que regule o quanto cada um possa respirar, mas o mesmo já não podemos falar sobre a água dado o crescente consumo industrial.

Porém, correlato à carência, que pode ter justificativas várias - naturais, sociais, culturais etc. - a política só ocorre por força de nossa capacidade de intelecção, abstração, e uma natural pulsão de sermos sociais! Dependemos dos outros, buscamos os outros, somos a partir dos outros! Assim, o outro, de um modo ou outro se impõe no radar de nossa preocupação.

Logo, a política é inerente à existência humana! A política é algo nobre e elemento de primeiro ordem na convivência entre os pares!

Agora, há política e política.

Desta que me refiro tem como mote a questão do bem comum, ou seja, um esforço de se compactuar, viabilizar e fazer fluir as relações humanas a partir de meios escassos e demandas crescentes. Mas há a política com p minúsculo onde a junção e coerção estão voltadas para a espoliação e concentração de poder e riqueza. De qualquer forma, o tamanho da letra p está eivada por vários elementos de certo modo circunstanciais. Uma grande liderança, um excelente grupo dirigente, existindo ou não pode vir a fazer diferença para o bem ou para o mal.

De qualquer forma, é importante gravar isto, a política é algo bom, necessário, sem ela, a tendência seria o da inclemência! O deixar morrer, o trucidar etc.

Agora, há a política partidária, que está intimamente ligada à complexidade da sociedade. Mas, mesmo nesta, se é possível se ter uma ação tendo em conta as motivações. Enfim, da política nada se torna inútil, sem importância, porque ao fim, e ao cabo, está em questão o bem comum, a ordem social, e, porque não dizer, a santificação de cada um!

Helio


Religião e política – reflexões ( c )

Um sacerdote faz política?

É o que mais faz! Constantemente se vê com meios escassos diante de demandas crescentes, a começar pelo seu próprio tempo, assim ele atua de forma a que o resultado final venha a ser o melhor possível.

Uma mãe de família assim procede em casa, não raro se privando para que as coisas sigam o bom termo! Se bem que nem sempre um sacerdote encontre entre os próximos atitudes carinhosas se comparadas as atitudes de filhos com suas respectivas mães!

A questão, no entanto, é que o exercício político está impregnado pela temporalidade, ou seja, é momentâneo, circunstancial, efêmero. A política é por índole um procedimento efêmero. E, no entanto, um sacerdote está voltado ao eterno, por força do caminho que escolheu, logo, a depender da gestão desta temporalidade não há o pequeno risco de se comprometer a mensagem deste eterno que lhe cabe transmitir.

Aponto dois casos, o primeiro é dado pelo Papa João Paulo II. É difícil mencionar seu nome sem ter um particular carinho!

Pois bem, ele foi político por excelência! Um homem de governo e de estado, e sua atuação política foi coroada no seu enterro! Acaso Yasser Arafat lá se encontrava por causa do Evangelho? E o Bush filho às voltas com uma guerra, de joelhos ao lado do pai, ex-presidente, e de Bill Clinton, outro ex-presidente. Acaso estes são homens religiosos? Assim, a quem lhe foi negado o premio Nobel da Paz, no seu enterro, ensejou o maior encontro de inimigos num único momento e pequeno espaço!

Vamos para um segundo caso! Na minha paróquia há um jovem sacerdote, de nome Sidney e ele, contou-me uma pessoa próxima, no primeiro encontro do conselho paroquial apareceu com a camisa do Flamengo! Naturalmente que tal procedimento foi merecedor de comentário ... ora, reunião de conselho é algo sério!

Segue aqui um comentário, a saber, é um erro uma pessoa torcer pelo Flamengo, mas não é pecado, ou seja, não se peca ao torcer pelo Flamengo. Se bem que, no meu ponto de vista, isto é matéria que mereceria maiores estudos. Bom, mas, vamos ao que interessa!

Sidney é um bom padre, e de forma alguma transforma a sua opção de índole eminentemente temporal em algo que o defina. Assim, acima de tudo ele é sacerdote. Se acaso fizesse de sua opção temporal um elemento de definição, o que ele seria ? Ah, ele é o padre dos flamenguistas e afastaria todos os outros torcedores! Esta situação é extensiva a tantos outros casos que venhamos a conhecer!

Helio

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