terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Alcorão

Após três anos e meio terminei de ler o Alcorão.

Foi um leitura realizada sem pressa, como se sorvesse um cálice de vinho.
É um belo livro, não é à toa que atrai tantas pessoas.

Algumas conclusões tirei.

Não se pode compreender o islamismo enquanto fenômeno político à letra do Alcorão. Melhor passei a compreender a posição do historiador Arnold Toynbee quando compara a experiência cristã com a muçulmana, a saber, a mensagem muçulmana perdeu parte de sua força espiritual quando o então profeta Maomé, em vida, se imiscuiu em questões políticas da época. O Islamismo, desde sua origem, está marcada por uma disputa entre correntes, incorrendo em mortes, que remonta logo após o falecimento de seu fundador. Toynbee observa que Maomé teve cerca de vinte anos de vida pública, das quais a primeira metade foi estritamente voltada à mensagem e formação de um grupo em torno da mesma. Foi uma época que sofreu grande perseguição. Já na segunda metade, ele passa a militar, adentrando na dinâmica política das localidades.

No Brasil, há um livro muito interessante, do jornalista Ali Kamel, Sob o Islã, que justamente defende esta tese, ou seja, o Alcorão não sustenta extremismo, é um livro bom, cujo primado é tornar as pessoas melhores!

Outro aspecto que destacaria é na diferença entre a Bíblia (cuja a parte inicial tem as leituras que os judeus também fazem, além dos cristãos que também as realizam junto com o Novo Testamento) e o Alcorão. Este foi escrito por uma pessoa! Aquele por várias, sendo que Aquele que divide a Bíblia, entre velho e novo, nem chegou a escrever, escreveram por ele, e sobre ele! Refiro-me a Jesus Cristo.

As chamadas suratas no Alcorão atuam na forma de, digamos, dicionário, ou seja, são demonstrações de várias temas e respectivas asserções. No Alcorão, a dinâmica é mais terminativa. Já no caso da Bíblia, com fatos verídicos ou apenas simbólicos, há um aspecto parabólico, ou seja, são situações de pessoas, reinos, que te levam a considerar o teu viver. E este caráter é mais nítido nos evangelhos com suas várias e deliciosas parábolas.

Por fim, cabe ressaltar que tanto o Alcorão quanto a Bíblia são livros, são letras, instrumentos para chegarmos a Deus, a tratarmos com Ele, a conhecê-Lo, e assim aperfeiçoarmos nosso viver.

Helio